10 de março de 2014

A drop in the ocean - Capítulo 7

- QUE MERDA VOCÊ TINHA NA CABEÇA QUANDO ME TROUXE ATE AQUI? - disse logo que entrei no quarto de Joe onde eu também ficaria por enquanto. Me virei para encar-lo e ele ria de mim

- Você é engraçada - continuava rindo e se deitou na unica cama, de casal, existente no quarto - você aceita vir comigo até aqui sem ao menos saber sobre o que isso tudo se trata e ainda coloca a culpa em mim por ter te metido nisso?

- Se você não tivesse vindo falar comigo eu não teria me metido nisso... - já cansada de reclamar, sentei na beirada da cama

- Qual é, se eu te ofereci isso é porque eu sei que você vai tirar isso de letra, huh?! - ele se levantou e se aproximou de mim - Não vai me dizer que você preferia estar naquela escola - sussurrando no meu ouvido, ele tentou amenizar a situação.

- Qualquer lugar é melhor que aquela escola - me virei encarando aqueles olhos escuros que se encontravam tão perto dos meus. Com um sorriso no canto da boca ele tentou diminuir a quase inexistente distancia entre nós

- Então, aproveite - num breve sussuro ele finalizou a conversa atacando minha boca em milesimos de segundos. Merda! Eu ainda me sentia atraida por ele! Mas como não se sentir? Aqueles braços fortes e tatuados me envolviam de uma maneira que me fazim esquecer do que estava ocorrendo. Sua barba que estava por fazer, roçava em meu rosto me dando uma sensação prazerosa.

Em poucos segundos eu já me encontrava deitada, com Joe em cima de mim. Aquilo com certeza aquilo não iria dar certo e antes mesmo de me arrepender de algo eu o afastei.
- Joe, não..
- Qual é..
- Não Joe! - o empurrei me levantando e buscando a blusa que em algum momento, sem que eu mesma prestasse atenção ele a tirou - Você sabe muito bem que a sua situação comigo não é a das melhores

Raiva, eu sentia muita raiva dele.

- Ih... Não pense que vai escapar de mim,  caso você nao percebeu, até o mesmo quarto você vai dividir comigo

- Melhor ainda, assim é mais fácil de te matar a noite sem que ninguem veja

- Você é hilaria - ele disse em meio a sua gargalhada - hilária

- Nunca duvide de mim querido! - caminhei até o banheiro batendo a  porta com toda a força e trancando- a em seguida

Que o pesadelo começe

                                                                         ***

- Você vai começar pelo centro de Toronto, mais conhecido como a região mais perigosa daqui, onde consequentemente terá as boates com a frequesia mais fácil. - nada como começar seu "trabalho" já com chance de morrer, eu pensava - Nesse quarto - Joe abriu a primeira porta a esquerda da enorme casa onde todos os funcionarios de George, inclusive eu, moravam -Estão todas as roupas que você pode usar para atrair mais os clientes caso as suas estejam muito comportadas

Aquilo não era bem um quarto e sim um closet, um closet de vadias. Todas aquelas roupas apertadas me deixavam sem ar antes mesmo de eu me encontrar dentro delas. Cada salto era maior que o outro e eu me perguntava se  conseguiria andar com eles, até porque não sou muito apegada a salto alto. O closet ainda estava repleto de bolsas, maquiagens e acessórios, tudo que era necessario para eu tentar me tornar atrativa aos homens  e quem sabe, também mulheres.

- Arrume e desca em no maximo 1h, George estará te esperando para conversar sobre a mercadoria

Mercadoria, ham... Era provavel que eu enfiasse aquela "mercadoria" no cú desse George. Eu mal o conhecia mas ja o odiava com todas as forças possiveis.

Exatamente uma hora depois eu ja estava no sofá da grande e diferente sala em comparação a da outra casa. Agora eu ja estava em uma casa dentro de Toronto localiza-da em um dos melhores bairros da cidade. George era perigoso, mas não dispensava o conforto para quem quer que seja. Estavam ali cerca de 30 funcionarios que eu imaginava ter as mais diversas funções, até porque eu espero tudo vindo de um traficante como ele.

- Pensando de mais, lucrando de menos - George se aproximou de mim e encarou dscaradamente minhas pernas encobertas. Se bem que com aquele vestido até meu útero devia estar descoberto, me sentia nojenta dentro daquela roupa, mas sabia que quanto mais  dinheiro eu conseguisse na primeira noite, melhor seria minha situação com o "chefe".

- Se você tivesse aparecido antes eu não estaria aqui pensando

- Não vou perder tempo com suas crises. Vamos para o escritório, você tem que sair logo

                                                                ***

Ao som ensurdecedor de "I could be the one" no meio da pista eu dançava do jeito mais sedutor que eu podia ser, tentando atrair alguem o mais rapido possivel. Uma rapida olhada para a esquerda e eu ja podia identificar o primeiro alvo. Correspondendo aos olhares e sorrindo para ele, fui me encaminhando para fora da pista e percebi que ele me seguia. Rapidamente peguei um dos cigarros de maconha que eu poderia usar para vender as outras drogas e me encostei na parede esperando que o homem chegasse

- Percebi que você é nova por aqui - falando  em meu ouvido para que eu pudesse entende-lo melhor o cara ja arranjava uma forma de me agarrar. Virei para ele sorrindo, acendendo o cigarro e dando uma primeira tragada.

- E não me arrependi nem um pouco de ter vindo
 

A drop in the ocean - Capítulo 6

- Vejo que essa é a menina necessitada de quem você falou – o homem me olhava de cima a baixo sem ao menos disfarçar e eu não podia reclamar por mais que quisesse – Você sabe muito bem para o que ela serviria, não sabe? – voltou seu olhar para Joe que permanecia quieto ao meu lado

- Você prometeu – Joe disse entre os seus dentes que estavam trincados, o que ele sentia vontade era de gritar com o chefe da mesma forma que fez comigo, mas era obvio que ele não tinha tamanha liberdade e coragem para fazer isso.

O homem agora se aproximava de nós. Ele devia ter lá seus 40, 50 anos, seus braços totalmente tatuados estavam desnudos pelo fato dele usar uma simples camiseta. A barba era mal feita e o cheiro de forte de cigarro vindo dele era perceptível. Olhando diretamente para Joe e dando um sorriso simples e irônico mostrou não estar nenhum pouco irritado

- Eu sou um homem de palavra. O que está dito, está dito, não vou voltar atrás... – terminou sua fala dando pequenos tapinhas no ombro tenso de Joe. Percebi que Joe relaxou na hora e mesmo assim eu continuava sem saber o que estava acontecendo. – Mas então vamos ao que interessa – O homem estendia o braço para que eu passase em sua frente mas antes mesmo de eu fazer isso ele já se pos a andar na minha frente e se encaminhou pra uma porta no final da pequena sala. 

Ao entrar naquele lugar percebi logo de cara que devia ser o seu escritório, por maias que a casa fosse simples, aquele lugar era completamente diferente, suas mobílias eram novas e pareciam custar muito dinheiro, um computador estava sobre a mesa que estava acompanhada de cadeiras que pareciam confortáveis assim como o sofá e foi lá que sentamos. Ele permanecia  na cadeira a nossa frente e nos encarava sem emitir nenhuma palavra. Irônico já que ele disse para irmos logo para o que realmente interessa.

- George – ele disse olhando para mim 

- O que? 

- Meu nome é George, sou seu novo chefe – sem esperar alguma resposta vinda da minha parte ele continuou a falar – Quando Joe me procurou para pedir que eu ajudasse uma pobre menina que estava sendo levada para uma escola interna eu não fazia ideia que essa pobre menina seria assim – um pequeno sorriso saiu de seus lábios e ele voltou a falar – Apesar de saber que você traria muito mais lucros do que eu imaginava eu dei minha palavra a meu amigo aqui. Além disso, ele estava me devendo uns favores ai então eu não relutei em concordar com ele. Antes que você pergunte o que está fazendo aqui eu já vou falando de uma vez. Você vai trabalhar pra mim, já que já conhece muito bem esse mundo das dorgas e rebeldia você vai ser uma das minhas vendedoras – me assustei ao ouvir aquelas palavras, não pensei que seria assim

- Mas- mas...

- Nananinanão, agora você escuta e só fala quando eu mandar – agora em uma posição mais confortável em sua cadeira ele me fitava seriamente – Caso você não saiba, Toronto está repletas de festas, festas que são regadas a putas, álcool e drogas. Sua função é simples, você irá até essas festas, irá tentar atrair o máximo de clientes possíveis, independentemente de ser homem ou mulher até porque cada um tem a opção sexual que tem, e vai vender a droga para eles. É muito simples, no final de cada dia você irá até mim e mostrará as drogas que sobraram e o quanto de dinheiro que conseguiu, entendeu?

- A-acho que sim – era verdade, eu tinha entendido cada palavra que ele tinha, só não tinha entendido o porquê de eu fazer isso

- Você é o tipo de pessoa que preciso porque irá facilmente atrair os homens – ele disse respondendo minha pergunta  - Mas nem tente me enganar, eu vou saber exatamente cada tipo de droga que você vai levar para a festa, o quanto de cada uma e o preço que você terá que vender, não pense que eu sou bobinho. Alguma pergunta? – olhei para Joe que permaneceu em silêncio durante todo esse tempo e dificilmente falaria alguma coisa

- Essas festas, vão ser nos finais de semana? – disse voltando a olhar George. Sua risada preencheu a sala e eu não tinha a mínima ideai do porque dele ter rido

- Querida, como você é inocente... Não pensa que só porque conseguiu esse emprego facilmente ele vai ser fácil, as festas são diárias. Você sabe o tamanho dessa cidade? Você vai a festas totalmente diferentes, em cantos totalmente diferentes... Ou você acha que estamos vivendo naquela merda de lugar que você considera sua cidade? – sem saber o que responder e estando puta com aquela conversa eu apenas afirmei olhando para baixo, quanto mais cedo essa conversa acabasse, mais cedo eu poderia matar Joe por ter me trazido até aqui

- Uma ultima coisa a- ele disse um pouco mais alto fazendo com que eu voltasse a olha-lo – Uma vez envolvida com George Moore, eternamente envolvida com George Moore, não tente fugir.
 

A drop in the ocean - Capítulo 5

Um grande barulho foi suficiente para fazer com que eu acordasse, olhei para os lados tentando entender o que acontecia até que percebi ser apenas o avião pousando. Saímos rapidamente do aeroporto que parecia ser clandestino sendo levados por um carro, bastante foda por sinal. 

Por um pequeno tempo que parecia mais ser 1 hora o carro ficou totalmente silencioso tirando o rap enjoativo que tocava no radio. Joe estava no banco da frente juntamente com o motorista que nem ao mesmo parou para me olhar quando entrei no carro. 

Comecei a batucar rapidamente com os dedos tentando acompanhar o ritmo da musica que tocava. Pela primeira vez olhei com interesse para a janela que revelava que o carro passava por uma estrada no meio do nada com uma alta velocidade. Estranhando aquele lugar fui tomada pelo baque do carro freiando rapidamente. Sem entender o que acontecia e pegando minhas malas, acompanhei Joe que saia do carro rapidamente. Ele ia em direção a uma pequena e disfarçada casa no meio do mato 

- Onde a gente tá? - perguntei em vão ja que Joe continuava a andar e a me ignorar - Será que da pra falar alguma coisa porra?! - gritei tentando chamar sua atençao. Ele se virou rapidamente me assustando, segurou meu braço de um jeito que eu saberia que ficaria uma marca e ele iria pagar por aquilo. 

- Segunda regra- ele disse olhando para meus olhos, a raiva era visível neles, mas isso não me assustava, não era a primeira vez que eu presenciava isso - Você nunca mais se refira a mim dessa maneira! Se você conseguiu sair daquela vidinha de merda foi por causa de mim! Você deveria estar beijando meus pés. Mas não... - ele disse soltando meu braço e rindo ironicamente - eu tinha que ser bonzinho o suficiente pra além de ter que ter te aturado e cuidado de você todas as vezes que tava drogada e de porre, tive que aguentar essas perguntinhas na minha cabeça. Se eu não disse nada até agora é porque não é pra você saber ainda porra! E nem vai ser por mim que você vai saber alguma coisa! - ele se virou novamente e voltou a andar em direção a casa. 

Agora quem estava com raiva era eu, raiva por ter ficado calada a cada palavra qu ele dizia. Eu tive vontade de sair batendo nele e descontando toda minha raiva, mas pelo pouco que estava acontecendo comigo eu sabia muito bem que não seria nada bom se eu fizesse o que viesse na minha cabeça. 

*** 

- Entra ae docinho - com a bipolaridade maior que minha raiva Joe abriu a porta abrindo caminho para eu passar e pegando minhas malas deixando ao lado do pequeno sofá da pequena casa que estava mais para uma cabana - Senta ai que ele ja ta chegando 

- Ele? - sentei no sofá que era mais confortável do que parecia e comecei a olhar aquela pequena sala, cabeças de animais empalhados estavam por todos os lados e em minha frente havia uma grande lareira. 

- Seu novo chefe, ou você acha que ta de folga? Dependendo do humor dele você ja começa a trabalhar hoje mesmo - Joe se sentou ao meu lado pousando sua mão em minha coxa. Rapidamente já estava cheirando o resquício de perfume no meu pescoço enquanto eu tentanva o afastar, porque por mais que eu estivesse puta com ele, não tinha como resistir alguém tão gostoso assim 

- Joe... por favor... - respirava fundo tentando controlar minha vontade de agarra-lo naquele momento e fuder com ele até o "chefe" chegar, mas eu sabia muito bem que não seria nada bom 

- Eu senti sua falta sabia? - agora ele ja distribuia beijos por todo meu pescoço em direçao a meu ombro - senti falta desse seu ombro, seu peito, sua boca...- disse beijando cada parte que ele falava até chegar em minha boca e ataca-la rapidamente. 

Eu odiava admitir isso, mas sim, eu senti falta dos seus beijos e da sua pegada e de... tudo! Não, não estava apaixonada por ele, eu odiava quem ele me mostrava ser, o que existia entre a gente era nada além de físico, físico e inesquecível. Ja deitada no sofá com ele por cima de mim, me assustei ao ouvir alguém pigarrear atrás de nós 

- Atrapalho alguma coisa Joe? - saindo rapidamente de cima de mim ele se levantou encarando o dono da voz. O olhei rapidamente e ele de repente perdeu toda sua masculinidade parecendo um cachorrinho sem dono. 

Também me levantando e arrumando minha roupa, me sentia envergonhada naquela situação, mas mesmo assim encarei quem estava na nossa frente, ele devia ser o tal chefe. Bom, eu tinha certeza que tinha começado meu emprego em uma situaçao nada boa

A drop in the ocean - Capítulo 4

- Pra onde você esta me levando? - perguntei para Joe que dirigia a um bom tempo sem emitir uma palavra ou ao menos um olhar em minha direçao. Ele riu um pouco se virando para mim 

- Não sou bem eu que vou te levar- disse parando o carro derrepende me fazendo olhar para onde estávamos. 

Uma pista, estávamos na frente de uma pista e bem ao nosso lado havia um pequeno avião. O lugar parecia estar vazio tirando nós dois - Você vai sair ou o que? Joe disse fechando a porta do motorista. Sai logo em seguida ainda confusa com a situaçao e peguei minhas malas no porta malas, correndo atras de Joe que ja se encontrava quase de frente para o avião. O filho da puta nem pra ajuda a carregar minhas malas ajudou. Aquilo me fez questionar o porque de eu ter confiado nele, não seria arriscado demais? Quer dizer, mais arriscado do que tudo que ja vivi? Nunca conheci Joe realmente, quer dizer, mentalmente, porque fisicamente ja havia até me cansado de conhece-lo. 

Fugir, aquela palavra veio em minha mente me fazendo lembrar do que eu estava fazendo. Nessa altura do campeonato minha mãe ja devia estar arrancando os cabelos ou até mesmo chamando a polícia. Devia ser muito decepcionante saber que sua "querida" filhinha havia feito merda, de novo. Sempre foi assim, Sophie era considerada pelos pais uma menina rebelde e irresponsável. Sem contar que ainda achava que seu pai a odiava, talvez pelo fato dela vir tão cedo em sua vida ou talvez apena pelo fato de ser quem ela é, diferente. Sophie acreditava ser diferente das meninas de sua cidade e relamente era. Nao era muito ligada a programas bobos de adolescentes em crise, gostava de ficar sozinha a maior parte do tempo, até mesmo longe de Claire que as vezes a irritava, enxendo sua cabeça sobre os problemas que tinha e que acreditava ser maior que os de Sophie. Não que não fosse, cada um tem os problemas que são capazes de aguentar e resover, só que Sophie achava que Claire era muito fraca, por ter problemas que ela considerava tão bobos. 

Bobos. Sua vida era boba, sua vida era uma merda. Ela sempre tentara fazer sua vida ser diferente de todas as outras vidas das pessoas da sua pequena cidade na Província de British Columbia. 

Vernon é uma pequena cidade localizada no Canadá, tem por volta de 33.500 habitantes que viviam uma vida que Sophie não queria ter. Sophie acreditava ser esse o principal motivo de ter mudado de vida assim que conheceu Joe. Ele era diferente das outras pessoas, ele nao ligava para essa coisa de formar uma familia, ficar enfurnado dentro de um escritorio para poder pagar as despesas dos programas felizes em familia de pessoas felizes que era, também, frequentadoras das missas de domingo. Joe era diferente, era livre, fazia e falava o que queria. Tirando sua incrivel e inesquecível pegada, esse foi o segundo motivo que fez com que Sophie se relacionasse com ele. 

Agora Sophie se encontrava imersa em seus pensamentos que a levaram para um lugar distante que fez com que ela só percebe que estavam voando minutos depois da decolagem. Se indireitando na cadeira olhou em volta para ver se achava alguem, apenas Joe, a outra pessoa devia ser apenas o piloto. 

-Ei!- chamou Joe que a olhou no mesmo momento - Posso te perguntar uma coisa? 

- Regra número 1: sem muitas perguntas! Tem coisas que não são da sua conta - ele disse voltando a olhar para fora do aviao. 

- Iii grosso! Só queria saber para onde a gente ta indo... Eu hein 

- Toronto - ele disse sem ao menos mudar sua expressão ou sua posiçao. Tudo ficou silêncioso novamente, e foi assim pelo resto da viagem, possibilitando que Sophie dormisse por algum tempo. Ela sabia que sua chegada a Toronto seria bastante confusa e tumuduada, mas agora era tarde demais para desistir.

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